Pela primeira vez na história da Codemge, o Conselho de Administração da Empresa reuniu-se em Araxá, nesta quinta-feira (7/10). A ação inédita marca a retomada das atividades presenciais do órgão, que estava encontrando-se virtualmente em face da pandemia de covid-19. Os conselheiros e diretores da Companhia também visitaram as minas, a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) e a Companhia Mineradora do Pirocloro (Comipa), além do Grande Hotel, onde ficaram hospedados após a reabertura do empreendimento há cerca de um mês.
“É muito importante estar aqui, em Araxá, conhecer a história e o presente, para construirmos o futuro”, ressaltou o Presidente do Conselho, Paulo Antônio Spencer Uebel. Na abertura da reunião histórica, ocorrida em sala de convenções do Grande Hotel, Uebel enalteceu a iniciativa, organizada pela Secretaria-Geral da Codemge, e salientou a perpetuação do valor do nióbio.
Além dele, participaram do encontro em Araxá todos os demais conselheiros de Administração: Alécia Paolucci Nogueira Bicalho, Edsoney Max Alves, Helger Marra Lopes, Milton Nassau Ribeiro, Marcus Leonardo Silberman e Wagner de Freitas Oliveira.
Os diretores Bruno Estéfano Teixeira (Diretoria Jurídica), Eduardo Zimmer Sampaio (Diretoria de Participações), Humberto Ribeiro Peixoto (Diretoria de Gestão de Ativos e Mercado) e Mateus Ayer Quintela (Diretoria de Administração e Finanças da Codemge e Presidência da Comipa) também estiveram presentes. Após retornar da missão mineira aos Estados Unidos, o Diretor-Presidente da Codemge e da Codemig, Thiago Coelho Toscano, acompanhou o encontro virtualmente, de Belo Horizonte. A Secretária-Geral, Amanda Souza Lima Rodrigues, também integrou a reunião. Estiveram ainda na visita a Araxá a Gerente de Recursos Humanos, Marina Campos Morici, e o Analista de Comunicação Marcello Machado.
Visita à CBMM
A comitiva da Companhia foi recebida pelo Presidente da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, Eduardo Ribeiro. Outros gestores da CBMM acompanharam a visita juntamente com ele: o Diretor Industrial, Rogerio Contato; o Diretor Financeiro, Alex Amorim; e a Gerente Executiva Jurídica, Renata Ferrari. Os conselheiros e diretores da Codemge visitaram diversas instalações da empresa parceira, na quarta-feira (6/10).
A Codemig e a CBMM são sócias na Comipa, empresa de gestão compartilhada que tem como finalidade a lavra do minério das minas que são objeto dos direitos minerários concedidos à CBMM e à Codemig.
As atividades de mineração são realizadas a céu aberto, sem uso de explosivos. A operação de lavra é executada pela Comipa em cerca de apenas três quilômetros quadrados, por tratores de esteiras, pás escavadeiras, carregadeiras e caminhões. O minério extraído pela Comipa é vendido com exclusividade para a CBMM, que, em seu complexo industrial, beneficia e industrializa, transformando o minério em produtos industrializados de nióbio.
Cerca de 2 mil pessoas trabalham na CBMM, além de gerar outros empregos indiretos, como profissionais de obras, por exemplo. A capacidade produtiva de ferronióbio (principal produto industrializado comercializado pela CBMM) foi ampliada, de 100 mil toneladas/ano para 150 mil toneladas/ano, mais do que o suficiente para abastecer toda a demanda mundial, que é hoje de aproximadamente 120 mil toneladas/ano.
Atualmente, a CBMM atende mais de 50 países e responde por cerca de 80% do mercado mundial de ferronióbio, carro-chefe da empresa, destinado à siderurgia e responsável por mais de 90% do volume de vendas. A CBMM ocupa, assim, a posição de principal fornecedor mundial de tecnologias e da linha completa de produtos relacionados ao nióbio, tendo a expectativa de praticamente dobrar até 2030 as necessidades de produção.
O complexo industrial da CBMM conta com diversas unidades, incluindo concentração, refino e metalurgia, óxido de nióbio, óxidos especiais, ligas especiais e nióbio metálico, além de embalagem e expedição. Ao todo, há mais de 15 etapas de beneficiamento e industrialização para produzir o produto final de nióbio, tendo à disposição 17 plantas produtivas. Para 65 toneladas de minério, é produzida 1 tonelada de produto final a ser expedido.
A comitiva conheceu também o Centro de Tecnologia da CBMM, um dos mais completos centros de pesquisa de nióbio do mundo. Os projetos são direcionados para otimizar os recursos naturais, insumos e processos utilizados no beneficiamento mineral e na industrialização de produtos de nióbio, bem como desenvolver novas aplicações para os produtos. De acordo com a CBMM, são investidos de R$ 180 milhões a R$ 200 milhões por ano em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), havendo hoje uma carteira com cerca de 150 projetos de tecnologia.
A equipe também visitou a sala de monitoramento de barragens. O parque industrial da CBMM tem oito barragens, sendo que uma é destinada à contenção de sedimentos, outra é para a acumulação de água fresca, quatro são para a disposição de resíduos/rejeitos do processo de concentração de nióbio, e duas estão em fase de descaracterização. As estruturas passam por verificações e avaliações constantes, garantindo elevados padrões de segurança, com monitoramento 24 horas e redundância em todos os controles.
Empresa genuinamente brasileira, a CBMM é uma sociedade por ações de capital fechado, com 70% do capital pertencente ao Grupo Moreira Salles e 30% distribuídos por dois consórcios pertencentes a China, Japão e Coreia do Sul. A CBMM trabalha de forma contínua para contribuir com a expansão do mercado mundial de produtos de nióbio.
Visita à Comipa
Na visita a Araxá, o grupo de conselheiros e diretores também esteve na sede administrativa da Companhia Mineradora do Pirocloro, na tarde de quarta-feira, 6/10. O Presidente da Comipa, Mateus Ayer Quintela, recebeu os demais participantes, que puderam conhecer as instalações e a equipe da empresa.
De acordo com ele, esta foi a primeira visita em grupo dos conselheiros à Comipa — e após o recente processo de melhoria da governança na entidade. “A iniciativa da visita foi fundamental, principalmente para que nos enxerguemos como sócios, acionistas, em uma interação maior, que não se limita a uma mina de pirocloro e traz benefícios”, ponderou Ayer.
Segundo o Gerente Administrativo da Comipa, Dartagnan Viana, a equipe da empresa é formada por 168 colaboradores. Destes, 33 estão no âmbito administrativo, e 135, no operacional.
A parceria entre a CBMM e a Codemig consiste no arrendamento das suas minas à Comipa, responsável pela extração mineral. A Comipa vende o minério à CBMM, que o beneficia e industrializa, comercializando produtos industrializados do nióbio. Em virtude da parceria, a Codemig e a CBMM celebraram uma Sociedade em Conta de Participação (SCP), em que a CBMM é a sócia ostensiva, com o objetivo de possibilitar o pagamento à Codemig 25% do lucro líquido da CBMM. Desse modo, a Codemig é remunerada na SCP em 25% do resultado gerado na operação da cadeia de valor do nióbio.
O acordo com a CBMM foi iniciado em 1973, prorrogado automaticamente em 2002 e válido até 2032. Como acionista majoritária da Codemig, a Codemge usufrui da participação desta na SCP — a Codemge tem 51% de participação na Codemig, e o Estado de Minas Gerais tem 49%.
O nióbio
O nióbio é um metal de transição, descoberto em 1801 pelo químico inglês Charles Hatchett. Em meados do século XX, esse elemento começou a ganhar maior relevância.
As características do nióbio, como alta condutividade térmica e elétrica, maleabilidade e alta resistência à corrosão, ao calor e ao desgaste, conferem ao metal a capacidade de melhorar as propriedades de materiais, tornando-os mais eficientes. Por esse motivo, o nióbio é hoje utilizado em diversos setores, como os de mobilidade urbana, infraestrutura, distribuição e geração de energia de fontes renováveis, com diversas aplicações tecnológicas.
Usado principalmente em ligas metálicas e em aços especiais, o nióbio confere aos compostos importantes propriedades, permitindo seu emprego na fabricação de turbinas de aeronaves, automóveis, de tubulações de gás, placas para plataformas marítimas, pontes, viadutos e edifícios, além de aparelhos de ressonância magnética, marcapassos, sondas espaciais, foguetes, componentes eletrônicos e baterias.
Outras aplicações incluem a fabricação de vidros e de cerâmicas especiais, usadas em receptores de televisão e outros equipamentos; a produção de catalisadores químicos; usos em aparelhos de medicina diagnóstica, e até mesmo em aceleradores de partículas de alta energia. Novas ligas e compostos que utilizam o nióbio seguem sendo desenvolvidas, o que deve ampliar o leque de aplicações do elemento e aumentar a demanda por sua extração.
Desse modo, o nióbio tem papel fundamental em inovações tecnológicas para o desenvolvimento de materiais inteligentes e mais resistentes, com maior segurança, leveza, performance e eficiência. Também ajuda a resolver complexos desafios de engenharia, elevando a eficiência de materiais, a economia, a liberdade de design e a segurança, com maiores resistência e tenacidade e de maneira mais sustentável.
A propósito, para garantir um futuro movido por energia renovável, o uso de materiais desenvolvidos com a tecnologia do nióbio traz resultados consideráveis. Entre eles, estão a geração e o consumo de energia limpa, baterias mais seguras, de carregamento rápido, com maior vida útil e densidade energética, bem como soluções de armazenamento mais eficientes.