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Artesãs mineiras participam de exposição na sede da ONU, nos Estados Unidos

12 de agosto de 2015

Com a participação de três artesãs de Minas Gerais, será realizada em setembro deste ano, na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, Estados Unidos, a exposição “Mulher Artesã Brasileira”. A seleção no Estado foi feita pela Superintendência de Artesanato da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sede), com o apoio do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). Foram indicadas seis artesãs e escolhidas as representantes do Vale do Jequitinhonha, do Distrito de Sagarana (Vale do Urucuia) e de Diamantina.

O evento, organizado pelo Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), é uma oportunidade para divulgar a produção do artesanato brasileiro e para aprimorar o desenvolvimento profissional das selecionadas.

Além de uma exposição de fotografias e de objetos, está prevista uma palestra para as participantes. Também compõem o programa as ações de pesquisa, documentação, reflexão e divulgação através da produção visual contemporânea brasileira – tanto na forma de publicações específicas (livro de arte e documentário) para estabelecer um intercâmbio entre as diversas realidades regionais.

A avaliação dos projetos inscritos foi realizada por uma comissão composta por profissionais da Associação Brasileira de Exportação de Artesanato (Abexa), PAB e do Sebrae. Foram selecionadas 15 artesãs em 12 estados. Além de Minas, participarão da mostra na ONU representantes do Acre, Alagoas, Amazonas, Ceará, Espiríto Santo, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

As representantes mineiras são Maria José Gomes da Silva, a Zezinha do Vale do Jequitinhonha, que produz as famosas bonecas do Vale, Gercina Maria de Oliveira, tecelã do Distrito de Sagarana que participa da Central Veredas, uma rede de artesãs do Vale do Urucuia, no Noroeste mineiro, e ainda Juracy Borges da Silva, de Diamantina, que usa sempre-viva, folhas, frutos e cascas em arranjos e adornos artesanais.

A atividade artesanal envolve cerca de 300 mil cidadãos mineiros em todos os cantos do Estado, que têm um faturamento médio mensal de um salário mínimo, o que representa uma arrecadação bruta por ano de mais de R$ 2 bilhões.

As artesãs

A artesã Zezinha, nascida e criada no Vale do Jequitinhonha, região que se destaca pela expressividade da arte popular e do artesanato no qual retratam o cotidiano do povo, em especial das famílias que vivem no meio rural. O artesanato em barro, que é a especialidade da Zezinha, é uma herança indígena que vem passando por gerações e cada uma delas traduzindo em sua arte, a sua visão de mundo. A argila, que é a matéria-prima utilizada na confecção das peças, é encontrada em abundância na região, se apresenta com variadas tonalidades além de excelente resistência à queima nos fornos rústicos e boa aceitação ao uso de outros pigmentos naturais retirados de cascas de árvores, raízes e plantas. O artesanato constitui uma importante fonte de complementação da renda familiar. A valorização da arte do Vale do Jequitinhonha e o crescimento das oportunidades de comercialização tem contribuído para a permanência dessas famílias na atividade e a inclusão de novos artesãos, especialmente jovens.

Gercina Maria de Oliveira é fiandeira desde os oito anos de idade. Mas ela só se tornou artesã quando surgiu a necessidade de arrumar uma maneira de trabalhar e melhorar a renda. Já que o algodão era a matéria prima muito usada na região e negociada como pequeno recurso, os artesãos resolveram se unir e essa união foi que transformou a realidade. Tanto que aos poucos várias pessoas que já faziam seus produtos em casa começaram a ser mais procuradas, valorizadas e reconhecidas. Hoje, em Sagarana, Distrito de Arinos, já existem nove Núcleos do Projeto Veredas e uma média de 100 pessoas entre fiandeiras, tecelãs e bordadeiras que trabalham com algodão e os que trabalham com o buriti. Com toda matéria prima utilizada é feito um trabalho nas comunidades de manejo sustentável.

Juracy Borges da Silva era apenas coletora, até que surgiu o artesanato na comunidade com o objetivo da preservação da Sempre Viva. Além da Sempre Viva, o artesanato local usa folhas, frutos, cascas, e fibras de bananeira e palha de milho. Para a região, o artesanato significa criação, inovação, novas oportunidades, além de um novo mercado formado por crianças, adolescentes e idosos, pois além de ser um meio de sustentabilidade é também uma terapia ocupacional. Os artesãos de Diamantina firmaram parceria com a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), e hoje contam com um viveiro de mudas da sempre-viva, cuidando e preservando do meio ambiente. Para Juracy Borges da Silva, trabalhar com o artesanato a transformou em uma pessoa mais saudável, criativa, inovadora, com mais experiência, e com a capacidade para ser referência na comunidade. “A minha visão de futuro é multiplicar, formar pessoas, no artesanato, levar a nossa cultura a outros estados brasileiros e também para o exterior. Levando um pouco da nossa história, porque o nosso maior patrimônio é a nossa gente. Participei de vários cursos e me sinto determinada e com a capacidade para exercer a minha profissão de artesã”, destaca.

Fonte: Agência Minas, 29/4/13